O Desemprego está a aumentar ou a diminuir?

0 Posted by - December 23, 2013 - Blog

Os olhos não escondem. Olhe-se para o gráfico em baixo e pergunte-se  a si mesmo o que vê.

O que acha? A tendência dovalores registados é de subida ou de descida?

O que o gráfico representa é o número de novos desempregados que se inscrevem nos centros de emprego. Trata-se da dimensão absoluta das pessoas que, em cada mês, desde Janeiro de 2007 até Novembro de 2013, se dirigiram dos centros de emprego para declararem que ficaram desempregados nesse mês.

São dados absolutos, 1) ainda não trabalhados administrativamente, como são os valores do desemprego registado do IEFP em que os jornalistas tendem erradamente em pegar; erradamente porque essa variável é apurada depois de os serviços dos centros de emprego deduziram os que estão em formação profissional, os que foram anulados, arranjaram emprego ou emigraram ou passaram a reformados. Ou seja, sabe-se lá que realidade representa; 2) depois, os dados do gráfico não são uma amostra estatística, como os dados oficiais, estimados pelo Instituto Nacional de Estatística.

São os dados puros e duros e que mostram a dimensão das sucessivas vagas de desempregados.

Olhando para o gráfico, o que lhe parece? Será que se está a operar alguma alteração na trajectória dessas novas vagas? Ou apenas, de ora em quando, oscilações diversas na mesma dinâmica?

Repare-se que em Setembro passado se registou o segundo valor mais alto de sempre. Foram mais 80 mil pessoas que se apresentaram aos centros de emprego.

Como é então possível que o Governo declare que o desemprego está em queda por “n” meses consecutivos? O problema é que é possível, sim. Os estatísticos costumam dizer que os números, quando torturados, dizem o que queremos. Mas com a dimensão absoluta é mais difícil obrigá-los a falar.

Tudo depende da variável que se tome para medir o desemprego. 1) Pegar na taxa de desemprego pode ser erróneo, porque se compara duas realidades: o número de desempregados e a população activa e tudo depende da evolução dessas duas realidades; 2) pegar nas variações homólogas pode ser erróneo porque, ao fim de um período longo de subida do desemprego, qualquer redução do desemprego pode dar a sensação do princípio do fim dessa subida, quando no fundo apenas se atingiu um “planalto” e que a dificuldade de absorção do desemprego se mantém; 3) pegar nas variações em cadeia (mês / mês anterior) ainda pode ser mais erróneo porque se estará a medir micro variações, momento de inflexão, que pouco representam sobre a dimensão do volume do desemprego.

Na realidade, o exercício óptimo – e mais sério – seria conjugar os diversos tipos de variações para se analisar o que estará a acontecer. Mas o exercício político de curto prazo tende a ser cego – e, por isso, pouco sério – pretendendo-se conquistar mais adeptos. Mas no fundo lá estará a realidade que, a médio prazo, continuará visível. Como agora.