Esta é aritmética orçamental que convém esclarecer. É que fiquei a pensar como foi possível o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Dr. Paulo Núncio, ter se enganado tão facilmente na conferência de imprensa quanto aos custos orçamentais da descida da taxa de IRC, de 25 para 23% em 2014. Fez-me confusão. Parecia tão pouco. Se 70 milhões de euros pagam dois pontos percentuais da taxa de IRC então 25 pontos percentuais daria uma receita de IRC de apenas 875milhões… Ridículo. Mas com base na própria comissão da reforma de IRC percebe-se que o custo é, afinal, de 108 milhões de euros por cada ponto percentual (ver pag 60 do relatório). Ou seja de 216 milhões de euros. Eu acho que é mais ainda, mas enfim, seja. Por outras palavras, os 100 milhões da “poupança” com as pensões de sobrevivência + 45 milhões do agravamento da tabela salarial da FP + e ainda será preciso mais uns cortes algures para dar uns dinheiros – poucos – a cada uma das empresas. Contas feitas, dá uma média de 30 a 40 mil euros em 2014 para cada uma das 7000 empresas com mais de 5 milhões de euros de facturação. Vale a pena tanta polémica, tanto corte, tanto sofrimento, para dar umas dezenas de milhar de euros a cada empresa? Não será tudo isto uma TSU retorcida, com a mesma ineficácia e com o mesmo impacto reduzido?