O gráfico foi produzido pela CGTP e revela aquilo que já era expectável. O IEFP tem – e bem – aumentado o número de desempregados abrangidos em políticas activas de emprego. Esse medida tem, porém, o efeito estatístico de reduzir o número do desemprego registado no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), organismo público responsável pela política de emprego.
Na realidade, a taxa de desemprego do Eurostat não está a descer – está, simplesmente, a ser mal medida. O número de desempregados registados peo IEFP é bem superior, apenas estão é ocupados.
A taxa de desemprego do Eurostat, estimada mensalmente, entra em linha de conta com a taxa trimestral do INE e, entre os trimestres, estima a taxa de desemprego através dos dados do IEFP. Até ao terceiro trimestre, a variação da taxa de desemprego do Eurostat reflectiu os valores da taxa de desemprego oficial, estimada pelo INE. Os dados do INE apontam para uma descida do número de desempregados, que acompanha a subida do emprego. Mas verifica-se igualmente uma descida da população residente – que pode reflectir a subida da emigração – e dos inactivos (reformados, estudantes, desempregados desencorajados ou que simplesmente não cumprem o critério estatístico apertado de desempregado). Mas não se conhece ainda os valores do 4º trimestre de 2013. Só os valores do IEFP e… do Eurostat.
O que está a suceder? Sucede que parece que se está a assistir uma subida ligeira do número de desempregados que se inscrevem ao longo de cada mês.
Veja-se o gráfico da sua variação percentual homóloga, desde o início de 2011 (média móvel de 3 meses)
Esse é o primeiro indicador da subida de desemprego. E a dúvida é como é possível que estando esses valores a subir, a taxa de desemprego do Eurostat desça. Mas é possível que essa possível subida do desemprego pode não se reflectir no desemprego registado.
Noutro texto aqui, esse aspecto já tinha sido abordado neste site, em que se dava conta de uma subida este ano do conjunto das anulações em geral, efectuadas por parte dos centros de emprego, das inscrições de desempregados. A CGTP estabelece uma relação, em concreto, com as anulações por ocupação dos desempregados e com a emigração. Mas essas anulações poderão ocorrer igualmente por um cojunto variado de causas: emprego, morte, desencorajamento, reforma, ou até um maior empenho no controlo dos desempregados que leve a um maior envio de postais para notificação de desempregados e, caso não haja resposta, a sua inscrição é anulada.
Há um segundo aspecto revelevante, relacionado a adequação dessas formas políticas activas de emprego. Muitos pessoas queixam-se de que um dos principais traumas que sentiram quando estavam desempregadas era quando abriam a caixa do correio e tinham lá uma carta do centro de emprego, com uma notificação para acções de formação profissional. É que, em muitos casos, as acções de formação propostas nada têm a ver com a sua habilitação ou pouco viradas para o perfil profissional do desempregado, devido à incapacidade – até física – dos serviços de dar a devida a atenção a uma estratégia de emprego de cada desempregado.
É que os cortes orçamentais têm uma dupla perversão: delapidam a eficácia dos serviços públicos e criam o ambiente propício para a abertura do “mercado” a empresas de serviços, com fins lucrativos, com a mesma função e que, muito possivelmente, passarão a ser pagos pelo Estado, já que cumprem uma função socialmente relevante e que os serviços deixaram de poder exercê-la com qualidade.
Aliás, já se fala de parcerias com o sector privado para a colocação de desempregados. E como o Estado não prima pela transparência, é mais que provável uma política de facto consumado, com a contratação de empresas especializadas, já há muito tempo no mercado de trabalho temporário.
Coisas que adensam a desmoralização da população, relativamente aos políticos, aos governos e, mais grave, a um futuro são do país.