O que se passa é que as anulações de inscrições desempregados nos centros de emprego têm vindo a aumentar vertiginosamente. No início de 2013, eram 6% do desemprego registado, em Novembro passado foram 10,3%. Quase o dobro.
A taxa de desemprego do Eurostat toma em linha de conta 1) a taxa de desemprego do INE; 2) as inscrições dos desempregados inscritos nos centros de emprego. Não se conhece a metodologia, mas é provável que tenha em atenção tanto o desemprego registado, como o número dos novos desempregados que, em cada mês, de inscrevem nos centros de emprego.
Ora, o que se passa é que os números dos centros de emprego podem estar a ser influenciados por uma política de acentuação da anulação de inscrições de desempregados.
Veja-se o gráfico em baixo.
As colunas a azul representam o número de desempregados registados pelo IEFP. As colunas a verde o número de desempregados que resulta da soma desse desemprego registado com o número dos desempregados que se inscrevem nos centros de emprego em cada mês, menos as colocações em empregos realizadas pelos centros de emprego nesse mês.
A diferença entre os dois tipos de coluna dá uma ideia do volume das inscrições de desempregados que são anuladas em cada mês. Seja porque encontraram emprego, porque emigraram, porque começaram uma formação profissional, etc., etc.
O que se observa é que essa parcela – que parece diminuta – representa uma parcela cada vez maior do total do desemprego que aparece aos olhos da população como vindo a diminuir.
Veja-se o gráfico em baixo. Representa a percentagem das anulações sobre o total do desemprego registado:
O que redunda daqui é
1) Tem crescido a percentagem de anulações nos últimos meses deste ano;
2) Caso não houvesse anulações, a variação do desemprego seria completamente diferente.
Veja-se a variação homóloga do desemprego registado (em %) com e sem anulações. As colunas a azul representam a variação homóloga do desemprego registado tal como é anunciado pelo IEFP. As colunas a verde representa a variação homóloga do desemprego registado de um mês (t) + a nova vaga de desemprego do mês seguinte (t+1) – as colocações verificadas no mês seguinte (t+1).
O que é interessante é verificar que, sem essas anulações, o desemprego registado do IEFP estaria a subir em termos homólogos. E não a descer!
E se calhar a taxa de desemprego do Eurostat não estaria a descer, mas a subir.
E se calhar, ainda, não é por acaso que o INE anunciou recentemente que vai divulgar estatísticas mensais do desemprego com uma “metodologia mais adequada”. Ou seja, possivelmente sem os dados que são objecto de tratamento administrativo por parte do IEFP.
Ficamos a aguardar os dados do INE…